A problemática levantada por Serra (1998), sobre os ‘‘chapas’’ é de capital importância, por caracterização de utentes dos “chapas” e elucidação da mentalidade do “chapa”
Um dos determinantes do comportamento dos transportadores semi-colectivo é o lucro almejado pelos motoristas e cobradores dos ‘‘chapas’’.
De acordo com a teoria microeconómica, as actividades do dia-a-dia em sectores de contexto comercial, incluindo o negócio de transporte semi-colectivo de passageiros ensinam a ideia do lucro, como sendo a diferença entre a receita total e o custo total.
Para o cálculo do lucro, parte -se geralmente, das receitas totais das vendas e que, finda a actividade, seja ela de carácter diário ou mensal, destas receitas subtraem-se todas as despesas (salários, ordenados, rendas, custo das matérias primas, juros, impostos sobre as vendas e outras despesas). O que sobra é um resíduo designado por lucro. De onde a expressão lucro, é correctamente usada no sentido de proveito resultante de qualquer actividade ou operação deduzidas as respectivas despesas. (Pindyck e Rubenfield, 2000)
No negócio de transporte semi-colectivo de passageiro, verificam-se práticas ilícitas com vista ao aumento do lucro. Tais práticas vão desde o acréscimo do número de acentos nos carros, até ao incumprimento e encurtamento de percursos nas rotas durante a actividade de transporte de passageiros.
Por outro lado, a fraca capacidade de controlar e fiscalizar as actividades dos O.T.S.P, por parte das autoridades, aliado à fragmentação e desorganização destes operadores, dá espaço para que estes tenham a possibilidade de encurtar, não cumprir e ainda violar as rotas.
É de salientar também o facto de existir muitas viaturas ilegais que participam nesta actividade. De acordo com Lourenço Gadaga, estima-se que entre 15% e 20% das viaturas que operam na actividade de transporte semi-colectivo de passageiro são ilegais.
Estas más práticas dos ‘‘chapeiros’’ acabaram por incentivar o governo a pensar numa estratégia para eliminá-las através da concessão de rotas, assunto que vamos discutir de seguida.
Referências bibliográficas
- PINDYCK, R. & RUBINFELD, D. (2002). Microeconomia. 5ªed, MAKRON Books, São Paulo;
- SERRA, C. (2001). Em cima de uma lâmina. Um estudo da precariedade social em três cidades de Moçambique, U.E.M, Maputo;
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