Problemas económicos e sócias causados pelo transporte público
As empresas que administram o sistema de transporte público urbano quase nunca são autosuficientes, isto é, as receitas geradas pelas taxas de entrada e propaganda não são suficientes para cobrir despesas com salários de funcionários e manutenção de equipamentos. O resto da receita necessária para a manutenção do sistema de transporte público urbano precisa ser pesadamente subsidiada pelo município (ou mesmo pelo governo), financiamento que pode custar caro aos cofres públicos da cidade e que causa frequentemente querelas públicas e aceso debate político. (Cruz, 2008)
Em Maputo a empresa T.P.M. é um exemplo óbvio desta situação. Críticos do transporte público, muitas vezes alegam que o transporte público atrai "elementos não-desejáveis", como histórias de criminosos atrás de passageiros, e dos sem-tecto dormindo em estacões. Por outro lado, um dos grandes problemas causados pelo transporte público, está relacionado com os custos. A utilização dos transportes colectivos ou públicos, apresenta custos para os utentes, bem como para as empresas que os disponibilizam.
Os custos dos transportes públicos suportados pelos utilizadores são as tarifas que se pagam de acordo com o percurso. Para a empresa que disponibiliza o serviço, os custos de transporte suportados por esta são, o combustível, a manutenção dos veículos, seguros e impostos e ainda todas as despesas com os trabalhadores. (Cruz, 2008)
Os custos fixos são todos os custos que ocorrem de maneira independente ao deslocamento do veículo e os custos variáveis, correspondem a quilometragem percorrida pelo veículo. (Lima, 2001)

A política dos transportes rodoviários em Moçambique
Reconhecendo que a circulação de pessoas e bens é uma pré-condição para o desenvolvimento do território nacional, conforme o preconizado pelo programa do governo para o quinquénio 1995/99, o governo desencadeou várias acções para promover a expansão do tráfego rodoviário, marítimo, ferroviário, aéreo, etc, através da reabilitação de infra-estruturas, da abertura do mercado ao sector privado e da reestruturação e capacitação das empresas públicas. O ramo rodoviário desde 1994 que regista um crescimento significativo, devido à conjugação dos seguintes factores: melhoria de infra-estruturas rodoviárias, paz e segurança efectiva no país, introdução do mecanismo de licenciamento dos operadores dos transportes mais simplificado, o que permitiu maior envolvimento e consequente crescimento da frota de transportes rodoviários ( ver a tabela 1).
O transporte público urbano mereceu particular atenção do governo. Assim foi criada a empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM) que contava com uma frota de 80 autocarros em 1999 contra os 25 no início do programa.
Procurou-se também reorganizar o T.S.P, através de acções como: a identificação dos transportadores por rota; obrigatoriedade dos condutores desse tipo de transporte serem portadores de uma carta de condução para serviços públicos, no intuito de garantir maior profissionalismo na condução e civismo no trato dos passageiros. Foram introduzidas igualmente acções de fiscalização direccionadas ao controlo da lotação.

Tabela1: Número de veículos licenciados no período de 1994 a 1999

Transportes Urbanos

Real

1994

Real

1998

Plano

1999

% 94/98

cres

% 94 / 99

cres

Frota urbana Pública

51

67

103

31.4

 

102

 

Frota urbana Colectiva

21

35

40

66.7

 

90.5

 

Frota urbana Semi-colectiva

184

1282

1116

596.7

 

506.5

 

Fonte: Ministério dos Transportes e Comunicações


Para o programa do governo de 2000 a 2004 o objectivo para o sector dos transportes rodoviários era de reactivar o transporte colectivo e semi-colectivo de passageiros, quer nos centros urbanos quer nas zonas rurais através do aumento da capacidade e da melhoria da qualidade dos serviços prestados. Já no programa do governo de 2005 a 2009 a política dos T.S.P, visava incentivar o desenvolvimento nos segmentos de tráfego onde haja falta ou inadequação de transportes colectivos de passageiros; garantir a segurança rodoviária; incentivar a transformação dos T.S.P, em empresas de transportes colectivos devidamente estruturadas, assegurar o licenciamento de agentes económicos privados, para a exploração de rotas internas e periféricas aos centros urbanos de acordo com os fluxos existentes. 

Provisão do transporte público 
O teorema fundamental na teoria do bem-estar assegura na verdade, que cumpridas certas condições, se obtêm resultado eficiente do funcionamento dos mecanismos do mercado. O problema da falha de mercado surge precisamente quando estas condições não se verificam. Uma destas circunstâncias ocorre na provisão de bens públicos. (Barbosa, 1999)
Podemos citar como exemplos de bens públicos; segurança nacional e praças. Ora, como o mercado não consegue resultados eficientes na provisão do transporte à sociedade, aliado à crença de que tal como a saúde, educação, segurança, etc, que são asseguradas em muitas sociedades modernas pelo estado, do mesmo modo tem-se o direito de se assegurar o direito do transporte. Desta feita, os governos chamam a si a responsabilidade de provisão do transporte público.
O transporte público de uma cidade é de inteira responsabilidade municipal. Apesar de ser chamado de público, em muitos municípios o sistema de transporte é controlado por companhias particulares. É neste facto que se pode observar um pouco dos problemas que rodeiam o transporte colectivo, facto a ser tratado na subsecção seguinte.